A Caatinga tem um importante papel no seqüestro de dióxido de carbono (CO2), um dos causadores do efeito estufa, mesmo nos períodos de estiagem severa. É o que diz o estudo Seasonal variation in net ecosystem CO2 exchange of a Brazilian seasonally dry tropical forest (Variação sazonal na troca líquida de CO2 do ecossistema de uma floresta tropical seca brasileira), realizado por professores, pesquisadores e estudantes da UFRN, UFCG, UFPE, UFOPA, ICMBio e do Instituto Nacional do Semiárido (INSA).
Publicada na revista Scientific Reports, do grupo Nature, a pesquisa explica que os ecossistemas florestais tropicais sazonalmente secos desempenham relevante papel de limpeza do ar porque absorvem grandes quantidades desse gás atmosférico. O dado coloca um fim às dúvidas a respeito de áreas como a Caatinga.
De acordo com os pesquisadores, havia poucos estudos sobre este bioma, mas não só. “Sempre foi tratada como floresta pobre, insignificante, desprezível”, afirma Bergson Bezerra, líder da pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudos Observacionais e de Modelagem da Interação Biosfera-Atmosfera (Geoma), da UFRN, ao lado do pesquisador Cláudio Moisés.
E estudo teve duração de dois anos e prova que a Caatinga sequestrou mais de 3 toneladas de carbono por hectare. Assim, ela passa a ser a floresta mais eficiente no uso de carbono em comparação com todos os demais tipos de florestas mundialmente estudadas até agora.
“Os ecossistemas absorvem ou sequestram CO2 da atmosfera através do processo fotossintético e ao mesmo tempo emitem CO2 para a atmosfera pelo processo de respiração das plantas e do solo. Um ecossistema é considerado um sumidouro de CO2 se este absorve ou sequestra mais CO2 do que emite. Um sumidouro de CO2 é um aliado no combate aos efeitos das mudanças climáticas. Por outro lado, um ecossistema é considerado fonte de CO2 se emite mais CO2 para a atmosfera do que absorve ou sequestra dela”, dizem os pesquisadores.
O estudo reforça a importância da preservação da Caatinga, uma das mais afetadas pela ação humana. Segundo os pesquisadores, o bioma é o menos estudado e protegido, assim como todas as florestas tropicais sazonalmente secas do mundo.
Para ler a pesquisa completa (em inglês), clique aqui.