Chuva abençoa a Caatinga - Ymbu Agroflorestal

Chuva abençoa a Caatinga

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Estamos no início da temporada de chuva na Caatinga. A partir de janeiro, a região é abençoada com as águas, tendo seu cenário completamente transformado.

É tempo de abundância. O verde toma conta. Os reservatórios enchem. Há fartura nas plantações e no “prato” dos animais. Os rios intermitentes ressurgem.

Depois de tantos meses de seca, no início do ano, o semiárido passa a viver um momento de chuvas torrenciais e irregulares, que seguem até maio ou junho, trazendo à tona toda riqueza da região, que conta com quase 5.500 espécies de plantas e 327 de animais, compondo uma biodiversidade exuberante.

As fotos da Associação Caatinga mostram o antes e depois das chuvas.

A chuva na Caatinga é, de fato, uma das cenas mais lindas, como você pode ver neste vídeo, postado por Luiz Carlos Marques Cardoso, no Youtube. O Globo Repórter, há alguns anos, também mostrou este momento, numa reportagem com a participação de biólogos apaixonados pela região. Para assistir, só clicar aqui.

Depois da seca, a abundância

Embora a falta de chuva seja um fenômeno cíclico e natural no sertão, a Caatinga foi muito castigada de 2012 a 2017. Foram seis anos da pior seca da história no Brasil, cuja média anual é de 200 a 800 milímetros de água.

A região já havia passado por longos períodos sem chuvas, mas o máximo tinha sido de cinco anos, e isso aconteceu quatro vezes. A primeira foi no final do século 19 (de 1876 a 1880). A segunda, no início do século 20 (de 1901 a 1905). As outras duas foram de 1929 a 1933 e de 1979 a 1983.

Em 2018, o cenário mudou, para alegria dos sertanejos. Foi quando a chuva voltou com força, e esta foi a mesma época em que demos início à Ymbu. Ou seja, o timing foi perfeito para o nosso plantio de Sabiá.

Neste ano, as chuvas começaram de forma tímida, mas já deram sinais de que serão abundantes pelos próximos meses. O canal Chuvas no Sertão, do Youtube, vem mostrando o dia a dia deste tão aguardado período. Neste vídeo, é possível ver a primeira chuvas de 2021. Já o vídeo mais recente mostra como foi o dia 12 de janeiro.

Estamos muito felizes, esperançosos e confiantes. Que venham as chuvas, imortalizadas também em canções como as que reproduzimos abaixo.

“Chuva
Cai abençoada,
Molha nossa terra arada,
Faz essa semente
Brotar frutos para a vida,
Faz a nossa gente mais feliz”
“Chuva no Sertão”, de Regina Basilio

“Mas se chuver dá de tudo
Fartura tem de porção
Tomara que chova logo
Tomara, meu Deus, tomara”
– “O Último Pau de Arara”, de Venâncio e Corumba (1956)

“Já fais treis noite que pru norte relampêa
A asa branca ouvindo o ronco do trovão
Já bateu asa e vortô pru meu Sertão
Ai, ai, eu vou m’imbora
Vou cuidá da plantação

A seca feis eu disertá da minha terra
Mas felizmente Deus agora si alembrô
De mandá chuva pr’esse Sertão sofredô
Sertão das muié séra
Dos hôme trabaiadô

Rios correndo, as cachuêra tão zuando
Terra moiada, mato verde, qui riqueza
E a asa branca à tarde canta, qui beleza
Ah, ai o povo alegre
Mais alegre a natureza”
– “A Volta de Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)

“Meu São Pedro me ajude
Mande chuva, chuva boa
Chuvisqueiro, chuvisquinho
Nem que seja uma garoa
Uma vez chuveu na terra seca
Sabiá então cantô
Houve lá tanta fartura
Qui o retirante vortô
Oi graças a Deus
hoveu, garoou”
– “Baião da Garoa”, Hermê Cordovil e Luiz Gonzaga (1951)