Dia Mundial do Meio Ambiente: a busca por um mundo mais sustentável - Ymbu Agroflorestal

Dia Mundial do Meio Ambiente: a busca por um mundo mais sustentável

Há 48 anos, 5 de junho tornou-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi recomendada pela ONU durante conferência realizada em Estocolmo, na Suécia, da qual participaram chefes de estado do mundo inteiro.

Este encontro foi um marco no que se refere às tentativas de estabelecer uma relação saudável entre o ser humano e o planeta, dando início à busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico e exploração de recursos naturais. Em resumo, foi o primeiro passo para um possível desenvolvimento sustentável.

Desde então, porém, conforme dados científicos amplamente divulgados, a pauta pouco evoluiu. Embora haja empenho por parte de inúmeras entidades para a conscientização em torno da importância da preservação do meio ambiente, somente nos últimos anos o tema ganhou, de fato, projeção. E isso acontece porque estamos à beira de um colapso climático. O alerta vermelho já foi ligado e cabe a nós corrermos contra o tempo para garantir o futuro da vida na Terra.

Sobrecarga do planeta

Estamos no “cheque especial” desde os anos 70 – perceba que foi nesta década, mais precisamente em 1972, que ocorreu a conferência que deu origem ao Dia do Meio Ambiente. Antes disso, um planeta era suficiente para suprir todas as necessidades dos seres humanos, incluindo itens como alimentação, vestuário, consumo de carbono, áreas para infraestruturas e produtos advindos da floresta – madeira, por exemplo. Com o que era consumido na época, o planeta tinha condições de se regenerar e continuar produzindo e fornecendo insumos para a nossa sobrevivência.

De lá para cá, tudo mudou, e os dados revelados pela Global Footprint Network (GFN), organização internacional que mede a pegada ecológica das atividades humanas no mundo, assustam. Para se ter uma ideia, em 2020, o Brasil entra no “cheque especial” anual no dia 31 de julho. Isso significa que até esta data, já teremos consumido a quantidade de recursos naturais que deveriam nos abastecer durante o ano todo. Alguns países, como Estados Unidos e Canadá, já esgotaram seus recursos anuais em março. Outros, porém, como Indonésia e Equador, chegarão ao limite só em dezembro. Saiba mais aqui.

Para chegar a estes resultados, a GFN calcula o número de dias do ano em que a biocapacidade da Terra é suficiente para fornecer a pegada ecológica da humanidade. O restante do ano corresponde à superação global. O dia da superação da terra é calculado dividindo a biocapacidade do planeta (a quantidade de recursos ecológicos que a Terra é capaz de gerar naquele ano) pela pegada ecológica da humanidade (demanda da humanidade para esse ano) e multiplicando por 365, o número de dias em um ano, ou 366 para o ano bissexto.

Com a pandemia causada pela Covid-19, que resultou no isolamento social, as datas de sobrecarga do planeta até podem passar por variações. A GFN, inclusive, vem trabalhando na análise de dados para chegar a uma conclusão, que será divulgada hoje. No entanto, em artigo publicado recentemente em seu site, a organização afirma que “os esforços da humanidade para conter a pandemia de coronavírus e a consequente desaceleração econômica reduziram a pegada da humanidade. No entanto, isso está muito longe das mudanças intencionais pelas quais lutamos. Imaginamos um mundo em que a humanidade transita para a compatibilidade de um planeta por design e não por desastre, para que todos prosperem.”

Em suma, mesmo que o resultado do atual estudo da GFN seja positivo, a realidade não mudou. Seguimos necessitando de mais de um planeta para suprir as necessidades da sociedade, e vale lembrar que, devido às diversas desigualdades existentes – social, econômica, territorial, tecnológica etc – entre as regiões do mundo, apenas uma parte da população tem o privilégio de usufruir dos recursos naturais.

Um longo caminho em tempo apertado

Em um artigo publicado no The Conversation, Benjamin Preston e Johanna Nalau, afirmam que é hora de fazer escolhas, pois já “não podemos salvar tudo das mudanças climáticas”. No entanto, a GFN acredita que ainda é possível reverter a situação do cronograma de sobrecarga da Terra.

Para isso, é fundamental que todos os segmentos da sociedade assumam o compromisso de adotar atitudes sustentáveis. Dentro da campanha #MoveTheDate, a organização sugere mudanças em cinco áreas: energia, alimentação, cidades, população e planeta. Atingir um engajamento global em prol do meio ambiente não é tarefa simples, ainda mais levando-se em consideração que, como falamos no início deste parágrafo, é necessário haver participação de todos os segmentos, desde governos a grandes corporações, passando pelas pessoas individualmente.

O interesse em um estilo de vida mais sustentável vem crescendo, conforme mostram pesquisas como as realizadas pelo Instituto Akatu (a mais recente, você tem acesso por este link). Porém, para a grande maioria da população, sustentabilidade está ligada somente a ações básicas, como reciclagem de resíduos, e não a um pensamento mais amplo, com escolhas de consumo mais conscientes, considerando seus impactos, por exemplo.

Então, podemos pensar que é preciso informar. Sim, mas até esta questão é uma problemática. De acordo com Peter Nuttall e Avi Shankar, em artigo publicado no The Conversation, o excesso de informação – e vivemos um tempo em que isso é uma realidade – prejudica a adoção de atitudes sustentáveis. “Muita informação pode causar confusão”, afirmam os autores, completando que, à medida que o conhecimento vai se tornando maior, há ainda uma tendência à paralisia. Ou seja, as pessoas não conseguem agir por não conseguirem chegar a uma conclusão a respeito do consumo ou não de um produto, por exemplo.

Como podemos ver, o meio ambiente está pedindo socorro e, mesmo querendo, não estamos conseguindo socorrê-lo de fato. Desistir, porém, não é uma alternativa. Nós, da Ymbu Agroflorestal, seguimos acreditando e, através de nosso trabalho, buscamos uma realidade sustentável ambiental, social e economicamente.

Caatinga, onde executamos nosso trabalho em prol do meio ambiente

Para saber mais

Seguem algumas dicas de conteúdo, caso você se interesse em buscar mais informações sobre o assunto.

>>Livros

“Qual Valor da Natureza? Uma introdução à ética ambiental”, de Daniel Braga Lourenço

“101 Dias com Ações Mais Sustentáveis”, de Marcus Nakagawa – Ganhador do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira, em 2019

“Clima de Tensão: Ação Humana, Biodiversidade e Mudanças Climáticas”, de Lucia da Costa Ferreira, Luísa Schmidt, Mercedes Pardo Buendia, Jorge Calvimontes, José Eduardo Viglio

“Drawdown – 100 Iniciativas Poderosas para Resolver a Crise Climática”, de Paul Hawken

“A Grande Ruptura – Como a Crise Climática vai Acabar com o Consumo e Criar um Novo Mundo”, de Paul Gilding

>>Documentários

“Seremos história?” (2016)

“Catchin the Sun” (2015)

“Oceanos de Plástico” (2016)

“Trashed – Para Onde Vai Nosso Lixo” (2012)

“Nosso Planeta” (2019)

“Em Busca dos Corais” (2017)

>>Artigos

“Cinco pesquisas propondo inovações para proteção ambiental” – Modefica

“Coronavirus Shows Us What Our Future Could Look Like During Climate Crisis” – Truthout

“What would happen if the world reacted to climate change like it’s reacting to the coronavirus?” – Truthou

“Coronavirus offers ‘a blank page for a new beginning’ says Li Edelkoort” – Deezeen