No post anterior aqui no blog, contamos sobre a divulgação do Sexto Relatório de Análise (AR6, em inglês) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC). As mudanças climáticas são o tema do estudo, realizado por uma equipe formada por 234 autores e 517 colaboradores de 66 países (do Brasil, há sete profissionais envolvidos).
Analisando 14 mil estudos sobre o assunto, o relatório confirma que as mudanças climáticas são reais e foram causadas pelo ser humano. Afirma, ainda, que as mudanças estão se intensificando numa velocidade sem precedentes e suas consequências são gravíssimas e irreversíveis.
A atual situação é consequência da emissão de 2.390 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) entre 1850 e 2019 à atmosfera. Entre 80% e 90% dessas emissões foram geradas pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão mineral.
Em resumo, as atividades humanas estão superaquecendo o planeta e, caso medidas de redução das emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera não forem tomadas, de forma drástica, imediata e muito significativa, as consequências serão catastróficas.
E agora, o que vai acontecer?
É impossível prever o futuro de forma absolutamente assertiva. Afinal, tudo depende das atitudes tomadas no presente, e elas envolvem também ações econômicas, políticas e sociais.
Por conta disso, os cientistas envolvidos no estudo projetaram cinco cenários possíveis para o período de 2015 a 2100.
Cenário 1
É o mais otimista, mas para que ele se estabeleça, seria necessário que as emissões decaíssem rapidamente nas próximas décadas, chegando ao zero por volta de 2050. A partir daí, teriam que ser negativas. Para isso, seria fundamental não somente reduzir as emissões, mas ainda implementar medidas capazes de retirar o excesso de carbono acumulado na atmosfera. Como? Plantando árvores em grande escala por todo o planeta.
Cenário 2
É o segundo mais otimista e é, basicamente, igual ao primeiro cenário. A diferença é que a previsão de zerar a emissão de gases para a atmosfera passa de 2050 para 2080.
Cenário 3
É intermediário – entre o otimista e o pessimista. Nesse caso, as emissões continuariam aumentando, embora pouco, nos próximos anos e passariam a diminuir a partir de 2050. Chegariam ao zero apenas em 2100.
Cenários 4 e 5
São os mais pessimistas, com as emissões subindo continuamente nas próximas décadas. A diferença entre eles é a intensidade, sendo o cenário 5 o pior deles.
No cenário 4, chegaríamos à marca de 2,1 oC de aquecimento já em 2050 e 3,6 oC no fim do século (cenário 4), enquanto no cenário 5, esses números são de 2,2 oC e 4,4 oC, respectivamente.
Isso é uma catástrofe para o ecossistema, incluindo os humanos, por conta de mudanças climáticas extremas.
O que todos os cenários têm em comum é que chegaremos à marca de 1,5 oC de aquecimento em 2040. Isso porque, mesmo com ações imediatas e concretas, a temperatura continua aumentando por conta do acúmulo histórico de gases-estufa na atmosfera, cujo efeito é de longa duração.
De acordo com o físico Paulo Artaxo, um dos pesquisadores brasileiros envolvidos no relatório, o cenário mais provável é o 4 (representado em vermelho no gráfico elaborado pelo Jornal da USP). Isso porque, até o momento, não há absolutamente nenhuma medida drástica e efetiva sendo tomada.
Cenários por região
Cada região do planeta é afetada de uma forma pelo aquecimento global. O aquecimento global atinge áreas terrestres de forma mais intensa do que os oceanos.
Em algumas regiões, o aquecimento ocorre de forma mais rápida. Um exemplo é o Ártico, que tem um aquecimento duas vezes mais rápido do que o restante do planeta.
Por conta disso, a cobertura de gelo vem derretendo de forma significativa e preocupante durante o verão. De acordo com o relatório, até 2050, haverá verões totalmente sem gelo marinho na região.
Na região central da América do Sul, onde está localizada a Amazônia, a previsão é de que o clima vá ficando cada vez mais quente e seco. Isso é uma fatalidade para o ecossistema da maior floresta do planeta, que terá seu equilíbrio gravemente afetado.
O mesmo impacto teria a região Nordeste, onde está localizada a Ymbu. Levando em consideração que o clima, aqui, já é naturalmente quente e seco, os impactos são gravíssimos. A segurança hídrica, energética e alimentar ficaria extremamente prejudicada.
O Jornal da USP também elaborou um gráfico com os impactos de cada região do planeta. Veja:
Para ler o relatório completo (em inglês), clique aqui.
Foto: Pexels