Reciclar é preciso - Ymbu Agroflorestal

Reciclar é preciso

Reduzir, reutilizar, reciclar.

Três palavras que têm permeado os meios de comunicação com frequência na última década, e que fazem parte de um conceito que abrange novos paradigmas de consumo e descarte.

A fim de estimular a reflexão sobre o tema, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu 17 de maio como o Dia Mundial da Reciclagem. O processo faz parte dos três “Rs” (erres) da sustentabilidade mencionados acima.

Enquanto na reutilização, o material apenas ganha uma nova função, na reciclagem, ele é reprocessado, tornando-se novamente matéria-prima ou um novo produto. O problema é que a maior parte do material descartado não é encaminhada para nenhum destes processos.

Só de plástico, há 300 milhões de toneladas sendo enviadas para o lixo durante o ano no mundo. No entanto, apenas 14% são coletados para a reciclagem e 9%, de fato, passam pelo processo. Estes são dados da ONU Meio Ambiente, que vem realizando diversas campanhas de conscientização a respeito do consumo e descarte de materiais plásticos. Uma das primeiras foi a “Mares Limpos”, criada em 2017, com o intuito de atentar a população para a quantidade de plástico presente nos oceanos. – a estimativa é de que, em 2050, haja mais plástico do que peixes no mar.

 

O papel do Brasil

 

 

Nosso país ocupa o quarto lugar na lista dos maiores produtores de lixo do mundo. Segundo estudos do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), entre 2018 e 2019, o Brasil produz cerca de 55 trilhões de quilos de material descartado por ano. Somente de plástico, são 11 milhões de toneladas; ou seja, cada brasileiro gera 1,14 kg de lixo por dia, e apenas 1,28% vai para a reciclagem.

 

Este é, segundo Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil, o resultado não somente da falta de políticas públicas adequadas que incentivem a reciclagem, mas também de outros fatores. “Se a gente pensar que nem saneamento básico chegou para todo mundo, imagina a reciclagem”, afirma. “Tem também a falta de estrutura para fazer coleta seletiva em larga escala e a questão da educação ambiental de fazer a separação do lixo. E falta ainda uma conscientização por paste das empresas de que elas precisam ser responsáveis pelo produto durante todo o ciclo de vida”.

 

Há 10 anos, foi promulgada a Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil, com o objetivo de zerar o envio de lixo aos aterros sanitários, estipulando metas e prazos para empresas e municípios. Levando-se em consideração que a cobertura da coleta de lixo no país é de apenas 76%, sendo que 51% das cidades cobertas ainda não oferecem o destino correto para os resíduos, ainda estamos longe de atingir os resultados almejados.

 

Os dados são do Índice de Sustentabilidade Urbana (ISLU), formulado pelo Sindicato Nacional de Empresas de Limpeza Urbana e pela PwC Brasil, que revelam também a enorme desigualdade entre as regiões do Brasil no que se refere ao lixo. Enquanto a Região Sul possui os melhores resultados, com 88,6% de destinação correta, com uma taxa de 7,8% de reaproveitamento, o Sudeste apresenta, respectivamente, 56,9% e 4,2% nestes mesmos tópicos.

 

Para Eliane Kihara, sócia da PwC Brasil, é importante que as iniciativas pública e privada se unam em prol da limpeza urbana. “Qualquer país que queira um crescimento sustentável deve aderir cada vez mais às políticas de processamento de lixo para que isso não se torne um problema de saúde pública”. E isso acontece porque, quando os resíduos são descartados incorretamente, há contaminação do solo, dos lençóis freáticos e do ar, por conta dos gases tóxicos gerados pela sua decomposição.

 

Ações pelo mundo

Num cenário como este, parece impossível haver uma reviravolta, mas não é. Há ações sendo tomadas pelo mundo todo, inclusive no Brasil.

 

Em parceria com a Braskem, a Tramontina lançou, em 2019, suas primeiras cadeiras produzidas com plástico reciclado. Segundo a marca, há uma estimativa inicial de reciclagem de 600 toneladas de plástico por ano para a confecção do produto.

 

A própria Braskem desenvolveu uma microfibra feita a partir de copos descartáveis para aplicação da indústria têxtil na fabricação de embalagens e tecidos. De acordo com a empresa, o índice de impacto ambiental é 45% menor do que as soluções mais utilizadas em tecidos sintéticos.

 

Nos Estados Unidos, a Lego deu início ao projeto de receber dos clientes peças velhas e sem uso. Após passarem por um processo de limpeza e reembalagem, elas são doadas para instituições sem fins lucrativos, levando a empresa a economizar 80% dos recursos necessários na criação de novos brinquedos.

 

Já em Sochi, na Rússia, a Budweiser promoveu a construção de um campo de futebol com copos de plástico reciclados. O Budweiser ReCup foi inaugurado em 2018, durante a Copa do Mundo.

 

Há ainda ações consideradas exemplares, que aparecem no relatório apresentado, em 2019, pelo Banco Mundial. A autora, Silpa Kaza, especialista em desenvolvimento urbano, diz que “a ideia era apresentar um conjunto diversificado de experiências globais, com diversidade regional, socioeconômica e populacional, assim como uma variedade de assuntos abordados”. “Para cada cidade, a solução pode ser diferente. Existem muitas outras boas práticas para serem compartilhadas globalmente — e algumas funcionarão em alguns lugares e não em outros”, explica.

 

Entre os exemplos estão os programas adotados em São Francisco, na Califórnia. Lá, reciclagem e compostagem são obrigatórias, materiais que prejudicam o meio ambiente são proibidos e os moradores recebem incentivos financeiros para a população. A partir de 2018, ainda foi banido o uso de produtos de isopor de poliestireno, e as empresas que descumprirem a lei são multadas. Assim, a cidade conseguiu, em 2012, alcançar uma taxa de 80% de reutilização do lixo, segundo a revista “Wired”. A média americana é de 34%.

 

Já na Jamaica, cidadãos podem ocupar o cargo de guarda ambiental. Contratados pela Autoridade Nacional de Gestão de Desejos Sólidos, eles têm a responsabilidade de ensinar aos vizinhos a darem ao seu lixo o destino mais amigável com o Planeta. Juntos, eles coletam garrafas plásticas e removem resíduos de espaços compartilhados, vendendo todo o material para a reciclagem e, assim, gerando lucro para a comunidade.

 

Enquanto isso, na cidade de Kamikatsu, no Japão, o projeto “lixo zero” começou em 2002, com a separação de lixo em 34 tipos. Um ano depois, foi aprovada como a primeira cidade japonesa a conseguir o feito de produção de lixo zero. Além disso, eliminou veículos de coleta de lixo, estabeleceu lojas para reutilização de produtos e criou subsídios para máquinas de compostagem caseiras.

 

A importância da inovação

 

 

A preocupação em torno do destino correto do lixo é válida, tendo em vista os dados que apresentamos no início deste post. Há um aumento crescente na produção de resíduos, bem como no descarte incorreto dos mesmos.

 

A boa notícia é que a reciclagem, embora aos poucos, vai ganhando espaço. Prova disso é a ascensão do faturamento e da produtividade das cooperativas de catadores no Brasil, segundo o Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem, uma associação sem fins lucrativos).

 

Para que resultados como este continuem positivos, muitos fatores são fundamentais, e um deles é a adoção de um consumo sustentável. Ou seja, é necessário que as pessoas considerem o impacto de suas escolhas na hora da compra, e cabe a todas as esferas sociais o papel de informar estas pessoas a respeito do assunto.

 

Porém, estudos afirmam que o excesso de informação também pode gerar paralisia ou incapacidade de agir. “Claramente, ser um consumidor sustentável é problemático e a incorporação de ideais sustentáveis na vida cotidiana está repleta de dificuldades”, afirmam Peter Nuttall e Avi Shankar, em artigo publicado no The Conversation. É aí que o papel da indústria se torna indispensável.

 

O modelo extrair, produzir e descartar não cabe mais, e foi aí que nasceu a ideia da economia circular. Este modelo, promovido pela Fundação Ellen Macarthur, é baseado em três princípios – reduzir resíduos e poluição, prolongar o uso de produtos e materiais e regenerar os sistemas naturais – e fundamentado em dois ciclos biológicos (quando materiais retornam para o sistema através de processos como a compostagem, regenerando os sistemas vivos) e os técnicos (quando produtos, componentes e materiais são restaurados, reutilizados ou reciclados).

 

Para que a economia circular aconteça de fato é necessário, porém, uma mudança nos modelos de negócios, que são basicamente baseados na compra e venda. É por isso que muitas áreas, especialmente a moda, já vêm discutindo outras maneiras de agregar valor à marca.

 

Em entrevista ao site Modefica, o diretor de Transformação Circular do Instituto C&A, Douwe Jan Joustra, um grande conhecedor da economia circular, apresenta a solução: sair de um modelo de venda para um modelo de serviços. “Os modelos de negócios orientados para a circularidade trarão incentivos para um melhor design, para melhor reusar e reciclar”, afirma. “É preciso ir de um produto à venda para um produto como ativo da empresa. Quando o produto é um ativo, sua gestão é feita de uma melhor forma.”

 

Vale lembrar que, apesar de indispensável, a reciclagem não deveria ser o único foco. Em se tratando de inovação, a re-educação de hábitos de consumo é a principal aliada quando o assunto é sustentabilidade e consciência ambiental. A escolha de bens duráveis e em quantidade moderada carrega consigo uma contribuição positiva, diminuindo a necessidade de uso de recursos para a produção, reciclagem e/ou descarte dos mesmos.

 

Portanto, inovar é preciso, e nós, através da Ymbu Agroflorestal, optamos por este caminho. Apostamos num modelo de negócio inovador, focado nos três pilares da sustentabilidade, que são crescimento econômico, equilíbrio ecológico e progresso social. Nosso foco está na qualidade de todos os processos, da semente ao plantio final, produzindo mudas certificadas e de origem com substrato de alta qualidade em nossos cinco viveiros irrigados.

 

O preparo das áreas de plantio é feito com triturador florestal. Este maquinário tritura e incorpora a matéria orgânica no solo, acelerando o processo natural de formação de florestas e aumentando a formação de fungos e bactérias necessárias para absorção de nutrientes pelas árvores. Além disso, promove uma cobertura orgânica para proteção e retenção de umidade, essenciais para plantios no bioma da Caatinga.

 

O resultado tem sido altamente satisfatório, e isso nos motiva a seguir nosso plano de ajudar o Planeta a voltar a ser mais verdade, mais produtivo e mais úmido, com uma interdependência harmônica entre o meio ambiente e as pessoas.